quarta-feira, 9 de junho de 2010

ALEIVOSIA

Censura

Com surra

Com usura

República

És pública

Republica

Censura república

Sem surra pública

Confissão confiscada

Confesso:
Só Não sei

Perdi a chave

Mas não sei exatamente

...



 

Conjugação passional

Cativo

Cativeiro

Cativar

Escavar

Cavar

Vá?!

Divertido

De

Ver

Vertido

Tido

Dito

Di

Verter

Ter

TiVer.

Alarido tumulto

Vizinhos vinhos invisíveis

Proclamam ser de luto cravejado

Por isso, me visto de amarelo laranja

Trago um copo de poesia

E um corpo de poema

Vermes e verminoses crivadas

Tomo um porre, outro

Tombo e 2 tomos Don Quixote de La mancha

De átomos

Da imaginação devassa

Sem valsa

Descorporeificada

Fincada!

Revolucion

Viva a Revolução!

De quê?

Uma melancólica revolução?

Não.

Um revolução da melancolia

Com os livros assassinados.

Download atualizado

Vaidade
Tudo é vaidade!

Na verdade

Serei menos ou menosmais poético

Hipocrisia, tudo é hipocrisia!

Assim se realiza e acontece.

Aplaudamos os idiotas com suas idiotices!

Excesso

Sãõ

(Re)Veladas

!Velados!

Pro(vocação)

Sempre perguntam

O que é um poema

Uma poesia

?

Respondo

Um copo de refrigerante gelado

Em uma secura de garganta árida.

Babe!

Horibillis Annus

Anos de chumbo

Em visão proféTica

Visionei um buraco negro TânTrico

Que se abriu na minha frenTe

Horrendo e Terrível

Temível e Tremo

Ainda Trêmulo

Vejo só mãos de ferros.

Espero em breve ferrugem!

RELAPSO

Vem que hoje tem inumeráveis indefinições!

Sorvil plenoco só

Eu não me terminei-me
Desregrada gramática

Hoje na boca sem amordaça

Quero

Uma rizomática palavra

Que nos refunde

Na regência do verbo

Bem diverso

Funde o mundo, nosso

Pela palavra que

Se desvira

Reelaborando

Saboreando

Ando de mito em mitos

Minto e sinto nos processos

De ressignificação

Hibridização selvagem

Colagem da sobrevida

Invasurgindo um novo de novo

Na nova estética mundana do ímpeto

Escombros de buraco negro da Memória

De um corpo latente de livros jamais inimagináveis

E célere existente

Bípedes

Um outro

Animal

Observa cartesianamente

E de forma Diametral

Em um dia metal

Um outro animal

Que se vesti

Tem com(puta)dor

Possui bola, maquiagem, música, etc...

Tão palhaços engraçados!

Aroma e amora de amor

Foi

É

Será

O 1º

De tudo

Mesmo na hora

Da faca cega de ferrugem

Rasgaaandrooo

No meu ventre

Encrencada

C

A

I

N

D

O

R

Afetadas palavras de aroma mortal, pois.

LUTO!

Luto
Luto

Luto

E

Luto

Descansei?

Fórmula da LuUZz

Epi+fânica = aqui facho de IlumInaçÃo bombástica !

Ei, você, filho da...

     Nasci. Hoje nasci: filho da Arte. Da velha arte, a arte nossa de cada dia. Quem tem ouvidos para ouvir ouça. O meu grito preso e denso na garganta arvorará logo no esgar do meu primeiro amanhecer. Ventre de todas as artes que não conhece estrangeiros nem estrangeirismos embora sejam estranhas. Estranho vagido que diz assim “o que é ARTE”? resposta: choralegria!!! Sem definições. Cem definições. Alguma, nenhuma e outras infinitas artefinições. A arte nos esvazia e nos enche de nada-criador, a ponto de traçar dores, criando, dessa forma, nos vastos eus da nossa terra corpo e alma perfumada, as exalações das questões de ser, não-ser ou estar no nada sabe do conhece-te a ti mesmo da boca de Platão em Sócrates à boca do inferno de Matos: “Para a tropa do trapo vazo a tripa,/ E mais não digo, porque a Musa topa/Em apa, epa, ipa, opa, upa” . DesdArte, se recusa a ter a terrível ternura da definição e se rebela sendo bela quando não se encaixa, não se deixa dominar e deixa de ser para não ser e voltar a ser no eterno retorno do mesmo. Ou: a parte da arte e a arte da parte que nos parte e parte nos constitui ou nos constrói desconstruindo a famossíssima máxima que pergunta: é a vida que imita a arte ou a arte que imita a vida?. Não sei, declaro no escuro, eu, tudo e nada é vidarte e vida da arte e arte da vida que viva a arte em nós quando não existimos e desistimos visivelmente na hora do já. Essa morte da arte. Diversos nós da arte que imita a vida que imita a arte que imita a vida nas nossas experiências tão antigas quanto a arte da psique humana. Para o irreverente artista Oscar Wilde, a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida. Quem pode ler isto, que leia!

     Vida e arte centro periférico do ser humano multiplica sua criatividade. Por falar em atividade criativa nasce a tal da criatividade perto da loucura da arte e do artista, ora genialidade ou fronteira da loucura – as duras penas. (Ora) Vã loucura. Sã loucura: insensatez da razão na sensata lucidez dos loucos artistas, na força da objetividade subjetiva trava e destrava no mundo do pensamento um contraponto importante de tensão que está sendo gerado nas histórias que permanecem na memória da humanidade, sempre representadas ou intervindo em uma ou outra obra de arte. Várias obras o humano faz, inclusive... escatologicamente. Pensar sem pensamento, pensamos com palavras ávidas e desgraçadas ou em quadros, em pinturas, em danças, em esculturas, ou em artes infindas. Na inevitável relação da arte que imita a vida até certo ponto que a vida imita a arte até o ponto que a arte pára de imitar a vida? Nesse jogo dos intrincados significados da arte, que nos faz medir a verdade (o que é isto?) com a linha mecanicista e tudo que passa disso é entendido como ficção, aqui ficção não é oposto de verdade mais um outro viés inventado para o centro da vida real? Neste ponto recriamos nossa intuição para medir desmensurando a verdade que se nos é apresentada. O novo na arte aparece diante de acontecimentos inesperados, no cotidiano do trabalho das coisas. Extraviada, exravagante, extravasada, o Extra da coisa. Será a cara da arte? A coisa da arte e a arte da coisa de cada um, uns que gera outros. Nesta arte aqui, dispõe-se a compreender que todo ato de escritura é uma dissimulação que talvez alcance o artístico fisicamente. Quem poder entender isso que entenda! Se bem que poucos o receberão. Aliás, beberão. No sofrimento do dia. Naquela douta ignorância de nada saber sabendo isto. Espaço e tempo do caminho velho do novo. Oráculos pós-modernos se movem e os sinos da arte, também, se movem em Machado ao afirmar que “a vida é cheia de obrigações que a gente cumpre, por mais vontade que tenha de as infringir DESLAVADAMENTE”, acredito que desse deslavadamente nasce Arte, que mostra o retrato do mundo do seu tempo, de cada tempo e seus respectivos constituintes, tentando na viagem do ser entre o sonho e a realidade a essência do mundo, o desespero do homem na espera da existência em si, velado no enigma insolucionável da vida e da arte. Alvorecer e crepúsculo. Taxado, crivado no peito da arte humana, que vem à tona no tom da felicidade do astro azedo e ilusório e nas palavras do crítico Marcelo Backes acerca do Bruxo do velho Cosme e Kafka que “Ninguém pode deixar de ver que há – como no velho Machado de Assis – uma gota da baba de Caim em toda essa felicidade presente”. Tais idéias ecoa em Clarice num dos seus contos magistrais, aparece a pergunta da arte para a vida e vice-versa: “como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza?” e se “Tudo no mundo começou com um sim”, inclusive o homem e suas artes, tomo em minhas mãos uma seguinte frase “ logo, esquecerás tudo; logo todos te esquecerão”, de Marco Aurélio, que nos leva ao “fim”: . Porém, a arte como forja-se no itinerário da veia anárquica, desconfia e põe o fim do fim e inaugura a esperança do começo. Entre começo e fim, há começos e fins, tanto de fim de começo como começo do fim, duas pontas que constantemente reclama seu lugar no homem. Explosão de uma graça salvífica dessa coisa por acomodação intitulada Arte.

     Ao falar nessa tal arte, sempre esteve presente outra coisa chamada de belo, mas o que é o belo? Na abertura do seu livro “História da Feiúra”, o semiólogo e escritor italiano Humberto Eco, delineia o percurso artístico da história universal da feiúra pela janela das artes, estabelecendo a questão da feiúra e do belo que como já dissemos sempre esteve no centro das artes e anota que “na maioria das vezes, o feio era definido em oposição ao belo (...) No entanto, a história da feiúra tem algumas características em comum com a história da beleza”, sendo assim, ao ler o livro, percebi que o feio sempre serviu de parâmetro para o belo, e conseqüentemente, um preciso do outro para ser, penso eu, e ainda penso que às vezes o belo está no feio, e o feio no belo, existe, também, a beleza ínfima da arte e o estrondo do feio, que causa na arte, o nem ser bela nem muito menos feia apenas desculpe a tautologia “arte é arte”, ou como acrescentou Portinari é cor.

     Deixando de lado essas questões e virando o ângulo da arte, pois há muitas maneiras de ver o mesmo quadro, volto-me agora para papeizinhos, fogueirinhas e abraços que as artes nos oferece, num grande e insaciável banquete da imaginação da humanidade, que vulcanicamente sai por todos os poros dos artistas e nos abre o terceiro e humilde olho, e outro olho do outro que nos ajuda a olhar essa tal de ETRA ou A-T-R-E ou (Terá) a arte nos seus âmagos seus equívocos e suas orações tão silenciosos que nos deixam surdos nu ser? Inevitável, anticonclusão: A arte se metamorfoseia-se, veja o início da metamorfose que não existe, passe por Ovídio em suas metamorfoses até na modernidade da metamorfose de Franz Kafka. Quem poder ver que veja! E veja já! A sua metamorfose. Sim sua. Como a arte nasce e nos faz nascer nessa brincadeira tão ilusoriamente real. Por hora preciso ir nascendo, pois Ars longa, vita brevist est.

Post-scriptum: desculpa leitor voltar ao latim, às vezes é necessário voltar para ressuscitar e cantar no ventre a cosmogonia da arte e nascer filho dela, da outra, da ... da arte.

Teimosa arteações da continuum

Frase milenar d’O Artista da fome, somos, Franz Kafka, engoli(dores) do discurso banal, depois digerir, adquirindo outro para confronto e o terceiro discurso inventamaginado sem ser originalmente exclusivo seu.

Escrevemos a cada dia nossas interrogações, dúvidas, desconcertos, ânsias, vírgulas e protocolos das reticências, pura burocracia crachada, exclamações ontológicas e antológicas, alógica filosófica, fica no ponto e vírgula para nada ser LUZ ou.

L. Torres

CALEIDOSCÓPIO ENCANTADO (N)OS CONTOS DE MIA COUTO: ÁFRICA!

       Caleidoscópica. Eis uma possível verdadeira adjetivação para a África que (se) acontece nos contos poéticos de Mia Couto. Caleidoscópica por que? Porque evoca não uma África, mas várias, de modo multifacetado, pluri- e como a própria África multicultural com suas diversas peles oleosas e escamosas. Mia nos apresenta não somente um continente, como bem pensa o filósofo Bachelard, não devemos ter apenas uma reflexão geométrica, mas um pensamento social e cultural, dessa maneira, o poeta moçambicano nos apresenta um universo estrondoso realmente mágico, que se instala, se (re)inventa, se faz no dividir e multiplicar-se no devir deleusiano por intermédio da linguagem.


        Sendo assim, se faz necessário algumas interrogações amplas para debate: como o poeta se posiciona em relação à África? De que forma ele percebe e constrói a mater África em si, por meio da poeticidade que é um instrumento de captação da arte literária em prosa do real, instrumento de denúncia também, para nós? A África, conto, chega e inflama os leitores como uma erupção vulcânica existencial de cores, sons, peles, exatamente numa festividade epifânica do ato de escrever que se desfaz e dialeticamente se volta a ser apresentada e representada na intervenção da memória da voz. Esta celebra as riquezas humanas até os dissabores africanos. Parece-me que nada escapa da escrita aos olhos do poeta Mia que por causa desses inumeráveis olhares transformativos, sobre a existência das inúmeras e incabíveis Áfricas. Desmonta toda uma face única, fixa e totalitária do que seria essa terra. Como nos lembra Peron Rios, o poeta contador Couto mistura lado a lado os dois universos uno escritura-voz e fala-letra desencadeando assim um denso e constante diálogo intertextual da Literatura com a África, da Literatura africana com o mundo e conseqüentemente, o enlace da memória à realidade e do imaginário à cultura afro. E, principalmente, ao abrir fronteiras, através dos seus encantos léxicos e semânticos, precisamos sempre ter em mente, e não esquecermos que a linguagem seja ela escrita ou oral tem sem dúvida um relevante papel nas sociedades, até porque pelos significados e significações que lhes atribuímos. Dessa forma, o fio condutor que vincula memória, imaginário e oralidade na linguagem dos contos de Mia Couto em torno explode o espaço da diversidade. Ainda vale lembrar que os contos do escritor moçambicano intrinsecamente promove a oralidade com o contexto da memória coletiva, individual, política, social, histórica, antropológica de lugares, entrelugares e não-lugares, cidades, países e o universo africano que se desdobra na cultura do planeta, pautado na dimensão artística do viés literário.

        Outra facetada é acerca das identidades presentes nos contos, e como afirma o antropólogo Raul Lody, as identidades culturais de um povo se dá a partir da interação das práticas discursivas do passado com as do presente. Logo, os contos de Mia Couto nos remete a relação África-Brasil-português tríade histórica como triângulo de questões e nos direciona com seus reflexos e reflexões dantescas até os questionamentos de/no ensino, sem esquecermos dessas outras encruzilhadas no terreira da Educação orientada pela Lei N. 10.639/03 que coloca nas escolas a “obrigação”, não gosto deste termo, trocaria pela oportunidade de ampliar universos humanos, do ensino da história e da cultura africana. Mia Couto e seus contos é uma excelente porta de entrada para conhecermos as nossas Áfricas.

        Portanto, estas são as Áfricas que emergem caudalosamente e de rostos iluminados de pinturas, norteadas pelos olhares caleidoscópicos de Mia Couto e nossos que promovem outros olhares “down” colocando a periferia no centro e deslizando os olhares periféricos aguçados, caminharemos de margem a margem, de imagem a imagem, de poesia a poesia em uma contínua conversa de roda que conta o conto, na corrente vertiginosa da linguagem pensa rio do infinito de cada um escandalosamente vislumbraremos as Áfricas: em perfeita metamorfose.
 L. Torres